A Maria diz que o Leonardo é um gato. A Inês afirma que ele é um gatão. A Isabel, que é sempre uma exagerada, diz que ele é um pão (ou um sandwich, nunca sei o género da palavra). A Marta, ainda com sotaque das terras de Vera Cruz depois de uma temporada em Florianópolis a tentar gerir uma pousada na praia, diz que ele é um gostosão.
As conversas nos últimos dias começam sempre com o mesmo argumento e acabam em risinhos cúmplices. Se outrora se discutiam as propriedades benéficas do chá verde ou se a Zaha Hadid tinha acertado com o novo projecto para o Maxxi de Roma (houve dias em que discutimos também o último candeeiro da Alessi), por estas datas recentes o Leonardo é rei e senhor de cada reunião. Ou talvez seja o Napoleão porque toda a gente anseia por ser a sua nova Josefina.
Tem sido Leonardo de manhã à noite com os amigos, com os colegas de trabalho, com os cônjuges respectivos, com os amantizados, com os pais dos amigos dos filhos à porta do colégio e das aulas de Body-Pump. A Maria diz que até discutiu o assunto com a operadora de caixa na Bertrand um destes dias quando foi comprar o livro de receitas da Mafalda Pinto Leite. E parece que a Isabel fala frequentemente com a empregada ucraniana sobre o assunto. A Marta diz que já há workshops na FNAC. Não se aguenta tanto boato.
Eu acho que a discussão está a ficar séria e tento averiguar de mansinho o verdadeiro teor deste raciocínio ímpar da bio-física molecular (parece que o Leonardo também está para as curvas e tem o corpo de um Adónis pré-reforma agrária).
Faço-me valer de grande força interior e da pedra do meu signo que me esqueci no bolso das calças e focalizo toda a energia para descobrir o larápio do coração das minhas amigas.
Digo solenemente que não conheço tal figura ilustre e que acho estranho nunca me terem apresentado em nenhuma ocasião ou abertura de uma galeria ou loja no Chiado.
Ou a algum dos maridos / cônjugues / amigos ocasionais com direito a visitas frequentes a casa. Estamos todos perdidos de curiosidade e o Zé Eduardo já se enganou duas vezes esta semana nas contas com o Banco do Japão. Acho que perdeu algum dinheiro porque os televisores LCD de vinte polegadas da Sony desapareceram lá de casa.
Aliás, o Zé anda tão nervoso com os rumores que já pensou em contratar um detective. Depois pensou melhor e contratou outro corretor para a empresa. Parece que apresentam os mesmos resultados aos clientes. Adiante. O Leonardo é uma ameaça para o grupo, diz o Zé.
E é óbvio que eu vou ter de descobrir quem ele é e em que poleiro canta este já célebre rouxinol. Confesso que tenho passado algumas horas sem dormir e a dar as voltas à cabeça. Também pode ser porque tenha experimentado um novo gel fixador. Nunca se sabe.
Mas hoje estou mais tranquilo e ligo ao Zé cheio de alegria e satisfação.
Digo-lhe que posso comprovar com toda a segurança que ele não tem nada que se preocupar e pode deixar a Sílvia à porta do Holmes Place como habitualmente quando ela regressar de Londres.
Parece que o gatão do Leonardo é um galã de uma telenovela mexicana que passa na TV Cabo ao final da tarde e já vai em 356 capítulos de folhetim. A Isabel prometeu que me enviava o Trailer no You Tube.
Eu caá que não sou de intrigas acho que é um movimento subterrâneo, tipo centro comercial, de mulheres atrás de um personal trainer...
ResponderEliminarDeixa não te preocupes Johnny, quando virem a t-shirt a dizer adoro loiras boazudas e o virem a dançar numa festa de praia em cima de uma mesa ao som do último hit de Ibiza até tremem e voltam aq correr para o chiado para irem às compras!