sexta-feira, 16 de julho de 2010

Breve carta de amor a São Paulo...

A minha tia Mimi diz que eu já tive melhores dias. E melhores cores. E que a barba já me ficou melhor. E que os sapatos precisam de ser engraxados. Bem, a minha tia Mimi hoje está uma chata. Diz também que tem a solução para todos os meus problemas, menos para os sapatos com ar Vintage do Martin Margiela. Para isso existem bons artistas sapateiros, diz ela.
Diz que está disposta a pagar-me umas férias em São Paulo porque tem a certeza que eu estou a morrer de saudades da selva de pedra do outro lado do charco.
A minha tia Mimi acerta sempre. É uma fada-madrinha exemplar e uma poupança em consultas de Tarot ou mapas astrais.
Eu devo muito à Mimi e não me esqueço do que ela fez por mim.
Quando era pequeno e via muita televisão quando chegava do colégio, a Mimi fazia-me o lanche e deixava-me rir a bandeiras despregadas com o Topo Gigio.
O problema foi quando deram o último episódio e não renovaram a série. Aí passei do riso ao choro desesperado e a minha tia mostrou de que são feitas as mulheres da nossa família.
Garanto-vos que se o Topo Gigio não voltou foi por pouco. Ou porque foi viver a reforma para San Remo. Porque reclamações verbais e escritas à RTP a minha tia fez às centenas.
Esteve quase a organizar uma manifestação com alguns sindicalistas. Só com os que viam bonecos, na altura.
Deve ser por isso que ela quer que eu vá uns dias para São Paulo retemperar energias.
E não tem que ser agora, pode ser quando eu quiser, acrescenta.
E a verdade é que vontade não me falta de voltar à minha Vila Madalena e ao Ibirapuera. Aos almoços no Spot e os fins-de-tarde em Higienópolis. E aos cafés no Suplicy para ler o José Simão na Folha de São Paulo cada manhã.
Fui muito feliz quando vivi em São Paulo. Quase tão feliz como quando conheci o Topo Gigio em carne e osso (ou cartilagem se apropriado).

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