quarta-feira, 21 de julho de 2010

As pessoas cinzentas precisam apenas de um bom auto-bronzeador...

O Zé Eduardo diz que as pessoas são como um ovo escalfado. Rebentam com a pressão. Como estamos a comer croquetes e esparregado no Gambrinus não percebo bem o alcance da metáfora. Mas a frase não me sai da cabeça. E depois do almoço tenho uma epifania como se tivesse sido visitado pelo espírito da Suzanne Vega (estou a ouvir o CD dos Greatest Hits na FNAC).
Eu também acho que as pessoas são esquisitas. Eu por exemplo hoje não me suporto. E ontem também não foi um dia bom. Amanhã falamos. E com estas indagações ponho-me a pensar o que me faz saltar a tampa (volto mentalmente à cozinha do Gambrinus para elaborar).
O que me faz entrar em ebulição a cem graus centígrados são as pessoas cinzentas.
Também não gosto por ali além dos que devoram livros do Paulo Coelho no autocarro, os que não sabem se gostam do prato do dia ou do prato que demora uma hora para fazer, dos que não acertam com os perfumes e acham que cheiram maravilhosamente (já me aconteceu também, mea culpa), dos que não opinam nada sobre política, dos que não conseguem perceber o Charlie Brown. E dos que percebem o Calvin&Hobbes (já sei, é um sacrilégio mas nunca me ri. E percebo que o tigre é um ursinho de peluxe).
Não gosto das pessoas que não sabem que sabor escolher para o cone de três bolinhas no Santini, que filme ver no cinema com filas de milhares de espectadores ansiosos por ver o último do Stallone ou o do Kurosawa, dos que não sabem se gostam mais de Chico ou Caetano porque não se podem comparar. Pois não. Claro. Que disparate.
Mas as pessoas cinzentas para mim são uma espécie à parte. Os amorfos, os indecisos, os periclitantes, os lentos, os chatos, os preguiçosos, os dolentes, os de sapatos Bikkembergs e raciocínio Charlot das Amoreiras. Tudo condensado numa densa capa cor-malva escura, cor de tijolo por moldar, cor de rato que não o Mickey.
E como não páro de pensar neste quadro negro / cinzento e não consigo encontrar inspiração na nova colecção da Massimo Dutti, entro na H&M e ligo à Maria.
"Conheces alguém cinzento? Tão cinzentinho que nem se vê na tua parede da sala de estar por entre os Testino e os Mondino?". Ela demora algum tempo a responder (está no Bikram Yoga) mas quando fala faz-me crer que nascemos para envelhecer na mesma casa de repouso em Sintra.
"Se conheço deve ser porque não usa auto-bronzeador. Há um muito bom na Séphora".

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